Fazer a transição de um grupo de sucesso para a carreira solo nunca é fácil, mas JADE deu o primeiro passo e se saiu muito bem. “Angel of My Dreams”, o single de estreia da ex-Little Mix foi bem recebido pelo público e pela crítica e colocou a cantora em posição de ataque para a cena pop mundial. Foi sobre isso, um álbum solo em 2025 e todas as questões que envolvem o desenvolvimento de uma popstar que JADE conversou com o POPline durante sua passagem pelo Brasil, na última semana.
LEIA MAIS
- JADE arremata elogios com o debut single “Angel Of My Dreams”
- JADE lança 1º single pós-Little Mix e detalha álbum: “É sobre ser uma mulher na indústria”
- IZA leva Leigh-Anne, ex-Little Mix, ao palco do AFROPUNK Bahia
- Perrie Edwards fala sobre carreira solo: “Experimentando novos sons”
O poder do recomeço sempre é revigorante, em qualquer carreira. Quando trata-se de empreitadas artísticas, essa sensação pode ser elevada a décima potência, principalmente quando o artista sente que pode se expressar de forma mais genuína. É o caso de JADE, ex-membro do Little Mix que iniciou sua carreira solo no mês passado com o lançamento do single “Angel of My Dreams”.
“Tou praticamente recomeçando e, na verdade, me sinto bem por isso. O renascimento de JADE, risos! Me sinto agradecida por poder fazer isso de novo depois de uma longa carreira que eu já tinha,” celebrou.
O Little Mix foi formado no final de 2011, através do programa The X-Factor do Reino Unido, e seguiu em atividade até 2022, quando confirmou o hiato. Até 2018, o grupo foi gerenciado pela Syco, empresa de Simon Cowell, e obteve sucesso em muitas frentes, quebrou recordes de grandes nomes do mercado, como as Spice Girls, e deixou uma legião de fãs em todo mundo. No entanto, a indústria apresentado à JADE em 2024 é bastante distinta daquela onde ela deu seus primeiros passos e ela sabe disso:
“É tudo muito diferente. Tem sido muito estranho, até mesmo nesses últimos anos em que estive trabalhando nas minhas músicas solo. A diferença entre a indústria que havia lá atrás e agora é muito louca. Havia muito mais pressão, especialmente para a gente que havia saído do The X-Factor. O selo com o qual assinamos (Syco) fazia uma pressão constante do tipo ‘se não tiverem no Top 10, estão correndo perigo’, sabe? Acho que agora é mais saudável, porque tenho mais liberdade criativa e menos pressão para fazer sucesso o tempo todo.”
Jade. Foto: Reprodução Instagram @jaqdethirlwall
A liberdade criativa tão falada por JADE é o caminho para uma música mais verdadeira, sensível e muitas vezes vulnerável. Essa permissão contemporânea para ser mais crua em seu trabalho foi conquistada por artistas femininas a duras penas e hoje marca o que há de mais interessante no mercado pop mundial. Parcerias como a de Charli XCX e Lorde são um excelente exemplo de como as mulheres estão se movimentando na música e esse é também o objetivo de JADE:
“Sinto que temos mais liberdade para escrever sobre o que estamos passando. Sinto que há um senso de libertação para as mulheres na música. Obviamente ainda temos um grande caminho a percorrer, mas acredito que as paradas musicais falam por si só. Muitas garotas estão fazendo sucesso neste momento, então acredito que talvez exista mais respeito pelas mulheres, o que é muito bom.”
Ela continuou:
“Aquele encontro de Charli e Lorde foi maravilhoso. Para mim, a honestidade daquela música é brilhante. Parece que neste momento não temos tanta competitividade entre mulheres. Quando começamos, basicamente foi colocado sobre nós que, enquanto mulheres, não poderíamos nos apoiar. Era uma competição, especialmente para nós em um grupo de meninas, só havia espaço para uma ou apenas uma faria sucesso depois do grupo. Era uma mentalidade muito tóxica, mas sinto que agora (é diferente), com Charli e Lorde fazendo essa música juntas e tantas outras artistas femininas se apoiando, é muito bom de ver isso.”
LEIA MAIS
- Charli XCX e Lorde expõem amizade conflituosa em remix; veja a repercussão!
- “143” é um “anti-BRAT”? GQ britânica compara álbuns de Katy Perry e Charli XCX
- Além de Katy Perry, relembre artistas que abordam o feminismo em suas músicas
“Angel of My Dreams”: JADE contando sua própria história
A sensação de liberdade para criar suas músicas deu a JADE coragem para contar sua própria história. Em “Angel of My Dreams”, ela detalha o dilema de conviver com aqueles que lhe deram a maior oportunidade profissional de sua vida e as mazelas emocionais causadas por essas mesmas pessoas. Expor sua verdade e, principalmente, expor magnatas da música como Simon Cowell não é tarefa fácil, como explicou a cantora:
“Eu não fiquei com medo no início, mas uma semana antes do lançamento e depois de assistir ao clipe fiquei meio tensa, risos! Eu tenho que falar a minha verdade do meu jeito. Para minha primeira música, pensei que seria legal contar minha história, desde o início de minha carreira até agora e atualizar as pessoas sobre a pessoa que sou hoje. Mesmo que elas me conheçam da época da banda, ainda há muito de mim enquanto indivíduo que as pessoas não conhecem, então ‘Angel of My Dreams’ é sobre essa história.”
JADE complementou:
“Não conheço uma artista feminina que não tenha tido uma experiência ruim (na indústria), seja com sexismo, misoginia ou até mesmo algo pior. Como digo na música, é uma sensação agridoce. Você olha para esses poderosos que estão no topo que estão lhe dando o seu sonho, financiando – e obviamente se beneficiando com isso – lhe dando oportunidades, mas ao mesmo tempo é como uma batalha. A que custo, sabe? É bem estranho e essa música detalha isso como uma relação tóxica, porque você tem gratidão e sabe que tem sorte por estar naquela posição, mas definitivamente isso tem um preço.”
A reflexão foi proposta na música porque JADE não quis se dar tempo para pensar entre o hiato do Little Mix e sua estreia solo. Ela confessou que ficou meio perdida e sem saber o que fazer com o fim do grupo, então rapidamente agendou viagens e se ocupou para “não ficar sozinha com seus pensamentos”.
Jade. Foto: Reprodução Instagram @jaqdethirlwall
“O Little Mix era uma grande parte da minha vida e tive que aprender a existir sem as meninas e sem um cronograma apertado. Com tempo, foi mais libertador. Fui para Los Angeles muitas vezes e trabalhei com novos produtores, assim como também fui em busca de novo empresário, novo selo. Quando entrei na indústria, não sabia o que estava assinando. Não tinha escolha, na verdade. Então agora foi como recuperar meu poder e minha independência ao escolher a minha própria equipe,” disse ela.
JADE confirmou que sente que agora tem uma “equipe dos sonhos” composta por profissionais como Steph Jones (compositora de “Espresso”, de Sabrina Carpenter) e Pablo Bowman, que assinam a composição de “Angel of My Dreams” com ela. Outro exemplo é Mike Sabbath, com quem JADE escreveu “Wasabi”, do Little Mix, produtor da faixa.
Leigh-Anne, Jade e Perrie Edwards. Foto: Divulgação
Sobre o apoio das amigas e ex-companheiras de Little Mix, Leigh-Anne e Perrie Edwards, JADE confirma que é quase como uma necessidade para ela, uma vez que as três tiverem experiências juntas que marcaram suas vidas:
“Meu deus, eu preciso (do apoio delas)! Todos nós temos aquelas pessoas em quem confiamos e nós vivemos algo totalmente incomum juntas e ninguém vai entender essas experiências mais do que a gente. Sempre que me sinto ansiosa, elas estão lá. Sempre procuro por elas para ouvir conselhos. Também tenho muito orgulho delas.”
Álbum solo em 2025
2025 será de grandes surpresas para os fãs de JADE, porque ela planeja o lançamento de mais singles e de seu primeiro álbum solo. Ela confirmou que ainda neste ano, ao voltar para o Reino Unido, irá gravar três videoclipes e mal pode esperar para lançar novas músicas o quanto antes.
Sobre as referências que vem ouvindo para compor suas próprias canções, ela disse:
“Honestamente, ouço bastante música velha. Agora tenho ouvido mais o que está nos charts, para me inteirar do que tá acontecendo, há muita coisa boa. Mas realmente gosto de músicas que cresci ouvindo, como as da Motown, Diana Ross, mas também ‘Clubland Classix’ e eurodance. Amo essa vibe! Ouço também as garotas do pop dos anos 2000, então acredito que meu álbum será como uma fusão de todas essas coisas.”
